COLUNA DO COELHO - PARTE II

*ESPAÇO TERCEIRIZADO E DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO COLUNISTA

ASTROLOGIA - PARTE I

É muito difícil conseguir resumir em um pequeno espaço um assunto tão complexo como a Astrologia, ciência sagrada dos antigos, herança fragmentária da Cabala judaica (há quem diga egípcia, que é ainda mais antiga), popularizada de forma equivocada no século passado, mas que recebeu neste mesmo período - por mais contraditório que possa parecer – uma colaboração absolutamente enriquecedora da psicologia de Carl Gustav Jung, posteriormente ampliada por seus seguidores.

É impossível falar da Astrologia sem pensar no Destino. Estamos obrigados irreversivelmente a cumpri-lo? Se a resposta é positiva, onde está nosso livre arbítrio, nossa capacidade de escrever nossas próprias vidas utilizando-se única e somente nossas decisões? Para os mais espiritualizados, como conjugar a idéia de um Deus que cria marionetes e fica a se divertir com os acontecimentos que ocorrem igualzinho ao roteiro por ele escrito? E o que seria então o tão falado Karma? Uma desculpa para atenuar nosso sofrimento enquanto nos submetemos a uma história pré-escrita com final infeliz?

Há uma história antiga que já vi ser encenada no cinema em um filme antigo que ilustra bem a o enigma do homem e seu inexorável destino: “Era uma vez um rapaz que vivia em Isfahan como criado de um rico mercador. Uma bela manhã, despreocupadamente ele sai e cavalga até o mercado para comprar mantimentos; ali chegando, deparou-se com a Morte, que lhe fez um sinal como que para dizer alguma coisa. Aterrorizado, o criado fez o cavalo dar meia-volta e fugiu a galope, pegando a estrada que levava a Samara. Ao anoitecer, sujo e exausto, chegou a uma estalagem dessa cidade e procurou um quarto em uma estalagem para pernoitar. Ao entrar, prostrando-se na cama, cansado, mas aliviado por ter logrado a Morte. Mas no meio da noite ouviu baterem à porta, e no umbral viu a Morte parada, de pé, sorrindo amavelmente. Por que você está aqui? Perguntou o pálido rapaz. E a Morte respondeu: Ora, eu vim buscá-lo conforme está escrito. Pois quando o encontrei esta manhã na feira, em Isfahan, tentei lhe dizer que nós tínhamos um encontro esta noite, em Samara, mas você me deixou falar e fugiu em disparada.”

Esta história aparentemente simples envolve um estranho paradoxo: o fato de o destino ser irrevogável, mas depender da vontade humana para a sua realização. E se o criado não tivesse fugido da morte, ele poderia ter a enganado, dirigindo-se para outra cidade? Caso não pudesse, haveria algum poder, exterior ou interior, que o conduziria até o lugar do encontro? Estas questões poderiam ser exaustivamente debatidas aqui por muito tempo, mas no fundo, no cerne de cada indagação jaz uma terrível dificuldade em aceitar, no ocidente, o destino. Destino significa: isso estava escrito. Como aceitar que algo esteja escrito desta forma com tamanha determinação por uma mão invisível?

Iniciei nossa abordagem sobre a Astrologia justamente pedindo que seja feita uma reflexão sobre o significado do destino, pois o entendimento que temos sobre este assunto irá se refletir diretamente em nossa interpretação e modo de vivenciar este conhecimento sagrado. Tamanha dificuldade de abordagem sobre este tema faz com que alguns astrólogos, que obrigatoriamente lidam com o destino na interpretação astrológica de um mapa astral, sintam-se constrangidos e utilizem-se de ambigüidades ora abordando o argumento neo-platônico em que apesar da existência do destino representado pelos planetas e signos, o espírito do homem é livre e pode fazer suas escolhas, ora lançando mão do argumento sobre potencialidades, ligadas a liberdade de escolhas que todo ser humano possui.

Não posso me aprofundar mais, sob pena de perder o foco em questão. Vou ficar por aqui nesta primeira abordagem. Há uma obra, da qual me alimentei livremente, sobre este assunto que indico, mesmo para quem nada sabe sobre Astrologia, chamada: A Astrologia do destino, Liz Greene, Ed. Pensamento. É relativamente barata e vale cada centavo pela profundidade com que a autora aborda o tema. Na próxima semana vamos falar sobre os elementos básicos da Astrologia e os tipos psicológicos.

“Livre-arbítrio é a capacidade de fazer de bom grado aquilo que se deve fazer.” – Carl Gustav Jung

Comentários

  1. Muito bom! Gostei mesmo Coelho!

    Abraço, Palermo.

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  2. Segundo o Coelho na sequência teremos uma análise astrológica individual dos atletas do time... isso será interessante, muito interessante.
    Felipe

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