COLUNA DO COELHO - PARTE III

* ESPAÇO TERCEIRIZADO E DE RESPONSABILIDADE EXCLUSIVA DO COLUNISTA
O SIGNIFICADO DE UM MAPA ASTRAL
“Precisamos admitir que o que está mais próximo de nós é exatamente aquilo que conhecemos menos, embora pareça ser o que conhecemos melhor” – C.G. Jung – Modern Man in Search of Soul, Londres 1961.

Nós nos julgamos seres pensantes e sempre presumimos que sabemos muito sobre nós mesmos. Parece ser suficiente para sustentar esta premissa o fato de conseguirmos enumerar nossas virtudes e vícios, gostos e simpatias, nosso lado “bonzinho e malvado”, e - porque não? – temos quase uma certeza sobre aquilo que traçamos como objetivos na vida, na maioria das vezes.

Surpreendentemente para um ser “que pensa”, parece-me o fato de muita gente satisfazer-se dentro de um auto-conceito tão limitado. Outros perdem-se neste mesmo auto conceito que torna-se demasiadamente amplo e vivem toda uma vida sem um senso de identidade além de seu nome, por ele não escolhido; um corpo que a genética cria, e um lugar no mundo quase sempre associado ao resultado das necessidades materiais, relacionamento e condicionamento social..

Liz Greene em sua obra “Relacionamentos” Ed. Cultrix, observa a diferença que há entre um homem se descrevendo dentro de uma premissa de honestidade com ele mesmo e a descrição feita por sua esposa. Ao ponto de parecer estarmos falando de duas pessoas distintas. Surgem traços de personalidade que o próprio homem parece desconhecer sendo-lhe atribuídas qualidades diametralmente opostas àquelas que ele acredita constituir sua identidade! E quem estaria enganando quem? Aí você pergunta aos filhos, colegas de trabalho e novas informações serão trazidas à discussão.

Esta simples investigação salienta que mesmo o mais crítico observador vê apenas o que decide ver através da lente de sua própria psique. Liz Greene salienta que “(...) e como nossos conceitos da realidade tanto a nosso respeito como a respeito dos outros são sempre vistos através de lentes tingidas, é inevitável que saibamos muito menos a nosso respeito do que suspeitamos”.

Em última análise, quer sejamos motivados por necessidades biológicas, como Freud sugeriu, ou pela vontade do poder, segundo Adler ou ainda pelo impulso em direção à totalidade segundo Jung (eu particularmente vejo por este prisma), é correto concluir que geralmente não percebemos nossas motivações mais profundas, o que dificulta também a nossa percepção das motivações dos outros.

Grande parte desta tinta que tinge nossas lentes de percepção vem do inconsciente, um gigantesco campo de material oculto, que normalmente só nos é acessível através de canais subestimados e menosprezado pelo ser pensante, afinal, nos dias de hoje quem dá crédito aos seus sonhos? Na maioria das vezes o consideram sem sentido, quando não esquecem de que quase todas as fantasias são dadas como infantis; as eróticas muitas vezes pecaminosas; explosões emocionais, fontes de embaraços e disfarçadas com desculpas desde má-saúde a dificuldades de negócios.

Em termos de relacionamento nossa melhor ferramenta para enxergar dentro da psique é a projeção: tal qual no contexto do cinema assistimos a imagem projetada sem atentarmos para o equipamento que a projeta na tela. É um mecanismo simples que entra em ação sempre que reagimos emocionadamente, de forma altamente carregada ou irracional, positiva ou negativa, a outra pessoa. É um árduo caminho trazermos de volta aquilo que nos pertence mas que atribuímos do outro e a medida que introjetamos nossas próprias características vamos lentamente nos tornando capazes de enxergar mais claramente a silhueta do outro. Diversos relacionamentos são rompidos por agirmos de acordo com respostas baseadas em nossas próprias projeções.

“A projeção psíquica é um dos fatos mais comuns da psicologia (...). Simplesmente lhe damos outro nome, e normalmente negamos que seja nossa culpa, tudo que é inconsciente em nós descobrimos em nosso vizinho, e o tratamos de acordo com isso”. – C.G. Jung – Modern Man in Search of Soul, Londres 1961.

Este mecanismo é muito interessante porque ele envolve experiências que não queremos vivenciar, mas que se voltam contra nós mesmos, vindas através dos outros. Aquilo que eu jogo para o inconsciente, mas necessito vivenciar, a mim é retornado através de uma experiência consciente exterior.

“Se não gosto de uma característica minha qualquer, e sua admissão é tão dolorosa que permanece inconsciente, esta minha parte não admitida vai me atormentar no seu ímpeto pela expressão, parecendo me confrontar a parte do exterior”. – C.G. Jung – Modern Man in Search of Soul, Londres 1961.

“A consciência consiste primariamente no que sabemos e no que sabemos que sabemos”. – The Boundaries of soul, June Singer, 1973.

Se tudo isto ocorre em nossos momentos mais ordinários, imagine a contradição que nos causa observações sobre nossa personalidade vindas dos outros... Em uma crônica amadora como esta que eu escrevo... eheheh...

Na próxima coluna vou observar os aspectos principais, seus símbolos, suas correspondências arquetípicas dos traços a serem produzidos na análise, puramente astrológica, dos “atletas” do Bazar como também do mapa do grupo e o ano que se inicia.

Jorge Coelho

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