BAZAR 18 ANOS: COLUNA DO COELHO

DEZOITO ANOS DE VIDA
por Jorge Coelho (em 28 de maio de 2012)

Não há palavras que possam definir com absoluta precisão a comemoração de nosso décimo oitavo ano de existência. Não foi exatamente uma festa. Foi algo bem maior que uma comemoração. A palavra celebração talvez faça alguma justiça ao nosso encontro. Se pudéssemos comparar nosso evento a um jogo de futebol, certamente seria um clássico. Um jogo mágico, com lances inesperados, defesas arrojadas, bolas nas traves, belas defesas, e muitos gols. O palco foi o Maracanã. Desculpem-me pelo saudosismo carioca, mas não há nada parecido com um clássico no Maracanã. Há uma áurea em torno deste templo, uma energia poderosa que transforma milhares de torcedores em um grande culto, um único coro, uma única voz. Não há estádio no mundo como o Maracanã.
Ontem à noite, o Bazar foi uma única voz. Havia diversas temporadas reunidas em uma única e mágica noite. Diversos personagens de um único filme, que se desenrola continuamente, e que desafia o tempo e a diversos observadores, que proclamam um final que ainda não se consumou. Cada vez mais surgem histórias diferentes que são vivenciadas por novos e velhos personagens, e a trama segue um curso impossível de ser vivenciada em seu significado mais profundo, embora interpretada por atores e coadjuvantes cujas trajetórias entrelaçam-se entre suas vidas e a do próprio Bazar.

Nossa história começa com uma estranha reunião em que tentávamos organizar um time de amigos e tornar nossos finais de semana mais interessantes do que simples torneios de futebol de mesa, que eram numerosos, diga-se de passagem. Ninguém imaginava que, naquela manhã do dia 28 de maio de 1994, quando entramos em campo com nossas camisas azuis, calções brancos e meiões negros, estávamos construindo toda uma história que lentamente iria se desenvolver e envolver a tudo e a todos. Um enredo cuja trama agregaria personagens novos aos que envelheciam. Dentre estes que chegavam, alguns que apenas passaram sem deixar vestígios de suas pegadas. E muitos que estão nesta história sem se importar em querer ser algo mais que coadjuvantes de enorme valor, torcendo pelo nosso time sem nunca entrarem no campo de jogo.
O Bazar é algo muito maior que as pessoas que o compõe, mas nada seria sem elas. E esta grande confraternização de iniciativa do Felipe, após anos em que eu brigava pela oficialização da data certa (astrólogos e estudantes de astrologia levam muito a sério as datas), foi um esforço enorme dele, do Quinhos e do Diego; pois não é fácil reunir tanta gente, convidar e reconvidar, lembrar e relembrar, pois muitos seguiram seus caminhos e hoje assistem o desenrolar de nossas histórias por ouvir falar. Lembro-me o também histórico jogo em que o Bazar fez duas partidas oficiais no saudoso campo do Humaitá e também em nossa confraternização de final de ano com quatro jogos em Canoas, com todos os jogadores que vestiram nossa camiseta.

Quando olho para trás, todo aquele ardor pelo futebol, com dificuldades de uniformes, reuniões para campeonatos, jogos sábados (sim, jogos no plural no mesmo sábado) e também no domingo no mesmo final de semana; os anos passando, almoços improvisados, jogos sem almoços por falta de tempo, brigas, confusões, abraços, discussões, encontros, gritos, broncas, alegria, chuvas, tombos, chutes, divididas, cabeçadas, defesas, cartões, expulsões, gols…
*(ala mais veterana.... )
Com o tempo percebemos que todo o material fotográfico registrava algo bem maior do que o Bazar, mas também nossas histórias pessoais. Cada fotografia, cada anotação, cada palavra escrita em uma crônica, eternizava um momento vivenciado por cada um de nós. Após essa compreensão, provavelmente adquirida com a maturidade, passamos a somar esforços no sentido de aglutinar o maior número possível de material que registrava o nosso Bazar, a nossa história. (Por isso eu interpreto como heroico o esforço do Bon Jovi e suas filmagens. E entendo sua motivação). 
*(...todos os uniformes e camisas de passeio do BM)
E nesta noite memorável, concluí que o maior material que podemos reunir somos principalmente nós mesmos, assim como no jantar de hoje. Todas as nossas gerações registradas ali, em nossos rostos. Naquilo que vinha na memória e daquilo que nem lembrávamos mais. Das histórias já corriqueiras, àquelas que permanecerão inéditas, distanciadas da lembrança e para sempre esquecidas. Daquilo que virou lenda, mesmo não sendo exatamente a verdade histórica.
*(ala mais jovem, pronta para seguir o legado...)
É impossível descrever o que senti naquela noite. Acredito que todos nós que parimos o Bazar entendem bem o que isso quer dizer. Havia bandeira, nossas camisas, só faltou nosso hino, porque era impossível naquele momento. Desde pessoas que jogam e jogaram, até aqueles que nunca entraram em campo, embora sempre estivessem próximos, ali, juntos, torcendo pelo Bazar. O lugar era lindo, a noite agradável, a festa intensa, alegre, não houve espaço para nada mais do que para o Bazar. Foi uma noite intensa que continuou ecoando em mim, mesmo após já ter chegado em casa. Foi uma noite que continua ecoando em todos nós.
Que façanha foi essa a nossa, quando olho para o passado recente e o presente que se segue! Que façanha! Eu sinceramente acredito que somos capazes de surpreender – inclusive a nós mesmos – por muito tempo ainda. Mas não importa se o Bazar irá durar alguns meses mais ou se ainda vai conseguir se autogerir por mais alguns anos. Ele continuará sempre em nossos corações, ocupando um grande espaço de um momento muito importante de nossas vidas. Bazar eterno.

Comentários

  1. Momento sem igual em todos os aspectos, espetacular, o time e amigos estão de parabéns, sempre Bazar FC!!!!

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  2. É muito difícil um time de várzea completar 18 anos de vida de forma initerrupta,por isso que o BM FC é o exemplo máximo que se não tivermos paixão por aquilo que gostamos,dificilmente as coisas darão certo.Só imagino o que deve ter rolado nessa janta aí...abraços nando

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