CRÔNICA DO COELHO

DERROTA INCONTESTÁVEL
Jorge Coelho – 23 de agosto de 2011 Porto Alegre, RS.

Foi uma goleada construída de forma impiedosa na segunda etapa. Volto no tempo e me vejo aos 30 minutos. Estou em pé na frente do banco de reservas e conto apenas com o Jefferson, que demonstrando grande amizade fardou-se e colocou-se a disposição para entrar em caso de necessidade extrema, uma vez que está machucado. Confesso que temo uma placar maior, que não faria injustiça ao adversário pelo que ocorria em campo. E a bola teima em rondar nossa goleira perigosamente. Volto ainda mais no tempo e me vejo insatisfeito com o rumo que o time vem seguindo. Avanço novamente e já é manhã de terça-feira, e sinto os cinco a um ainda ressoando em meu íntimo. Sensação horrorosa.
A bem da verdade fizemos um bom primeiro tempo. O jogo ainda seguia relativamente equilibrado quando tomamos um gol absolutamente bobo. Bola no segundo pau, passa pela área e encontra o Catarina livre para colocar pra dentro. O time avançou, empurrando o Mônaco para seu campo. Empatamos em um pênalti existente, tivemos chances de virar o jogo, e sofremos um gol onde o adversário após fazer embaixadinhas sem ser molestado fez bela jogada.

Terminamos essa etapa em cima do adversário, mas o placar ficou no dois a um. Por que perdemos esta etapa? Em primeiro lugar fomos excessivamente individualistas, principalmente na construção de nossas jogadas de ataque. O Bon Jovi e o Douglas foram enervantes. Pareciam em alguns momentos jogar para si mesmos, esquecendo do time. Houve um ataque emblemático, onde nosso atacante deixou de pifar o Pequeno porque, ao invés de simplesmente tocar para ele que entraria livre, resolveu cortar o zagueiro adversário para tentar melhor ângulo de chute e perdemos o ataque. A excessiva condução de bola do Douglas também foi marcante, pois tira a objetividade do ataque e tornava lenta nossa passagem de bola.

Também é importante observar a pior atuação do Bonds que pelo menos eu já assisti, por absoluta falta de condicionamento físico, salvo algum dado médico que me é desconhecido. Não faltou o costumeiro esforço, mas nada pode dar muito certo naquela condição em que ele se encontrava. Foi desaparecendo e no final desta primeira etapa já não acompanhava as jogadas do meio de campo. O Traka me pareceu mais pesado, andou ausente de algumas partidas e sentiu a falta de ritmo. O Alberto errou muitos passes, não estava bem. Mas nosso time teve poder de reação, jogamos com muita raça e poderíamos ter tido melhor sorte nesta etapa.

No segundo tempo... Fomos massacrados desde que o jogo foi reiniciado até o seu melancólico final. Um massacre. Não sei nem se quero falar muito sobre o jogo em si, porque teria que ficar enaltecendo as qualidades do adversário aqui nessa coluna, aliás, qualidades concretas: bom time, jogadas pelas duas laterais, boa zaga, um bom goleiro. Nosso time perdeu-se completamente. Inicialmente posso reforçar a queda de nosso rendimento físico. O Bonds saiu sem sequer ter realmente entrado. Tivemos a expulsão do Gerson, justa por sinal, ele que também não foi bem e temo que possa ter problemas no campeonato com a pressão no Zé feita pelos adversários no momento do lance. O Diego poderia ter evitado o terceiro gol, falhou no lance. O Breno, o Pequeno, o Roger foram leões. Impediram o pior. O Morin não tinha parceria, foi esforçado e acabou por não conseguir fazer seu jogo. Não posso culpá-lo, pois o nosso meio de campo desapareceu no jogo. Não sei o que está acontecendo com o Douglas, pois lutou muito, saiu de campo com cãibras, mas está prendendo demais a bola. E sem objetividade. E o Bon Jovi tem que passar a jogar para o time e não para si próprio. Muito individualista. Foi muito mal. Entraram o Gustavo e o Márcio naquilo que chamamos de grande furada. O Gustavo ainda conseguiu buscar colocação em campo e também ajudou muito na marcação. O Márcio não encontrou espaço, e não conseguiu sair da marcação do adversário, mas realmente é muito difícil entrar em um jogo nessas condições.

A solução que devemos encontrar para reverter este quadro de expressivo desânimo pode ser resumida em uma frase já muito batida: precisamos mudar sem mudar. Não há mais tempo para radicais mudanças e faltam apenas dois jogos para o final dessa fase. Mas precisamos mudar radicalmente. Passando por uma séria reflexão sobre nosso individualismo excessivo como também por nosso precário estado físico. Se quisermos chegar a algum lugar ainda neste campeonato, é bom que melhoremos pelo menos nestes dois fatores.

Foi um sábado de horrores, um dia trágico. Embora eu não tenha visto nas faces após o jogo sinal claro de vergonha, acho que deveríamos nos envergonhar pelo o que ocorreu e da forma como ocorreu. Chegar ao décimo primeiro jogo e ainda termos de ficar levando uniforme para algum jogador entrar em campo é ridículo. E onde estão os reservas? E a comissão do campeonato? Sofremos uma derrota terrível e isso não pode ser ignorado. E também não podemos ignorar a nossa atual crise técnica. Derrotas assim deveriam doer muito. Espero que nossa dor possa abrir nossos olhos. Essa crônica é para quem não é indiferente a dor.
Era isso.

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