CRÔNICA DO COELHO: BM 1 X 3 CC MACABI


O FUNDO DO POÇO

O Clube Campestre Macabi possui um bom goleiro. Uma zaga que, em momento algum comprometeu no jogo. Seus laterais não apoiaram muito, o miolo chutou torto quando precisou, poucas vezes deixaram um atacante nosso livre para concluir. Havia sempre um bico do pé que encostava, uma choque provocado de ombro que desequilibrava nossos jogadores, e eles não demonstraram nada de tão ruim que justificasse ter sofrido quinze gols em quatro jogos. Muito pelo contrário.

Seu meio de campo tinha vários operários e dois jogadores muito bons, de onde saíram a maioria das jogadas: seja por lançamento longo nas costas dos nossos laterais, seja pelo passe curto com aproximação para a tabela. Seu ataque não tinha nenhum jogador de exceção. Nada que chamasse tanto a atenção. Mas havia muita transpiração, muita luta. Em nada o Clube Campestre Macabi espelhou sua condição de então lanterna do campeonato.

A maior virtude do Clube Campestre Macabi foi sua simplicidade. Depois de um primeiro tempo em que conseguiu um gol de oportunismo e na maioria do tempo correu atrás do seu adversário, na segunda etapa posicionou-se com inteligência. Não se retrancou, apostou que nosso time sairia para tentar empatar, e abriu dois jogadores nas laterais, puxando o contra ataque. Taticamente coerente, dentro de suas limitações. Fez mais três gols e obrigou o Diego a pelo menos duas defesas sensacionais. Poderia e merecia ter vencido até mesmo por um placar maior. Vitória justa. Da simplicidade, da disciplina tática, da inteligência.

O Bazar foi ruim no primeiro tempo e conseguiu ser péssimo na etapa final. No tempo inicial, nós estivemos mal em campo, com excessivos toques laterais, uma distância absoluta entre o ataque e o meio, e uma defesa descompactada. No final, transformamo-nos, após o segundo gol adversário, em uma equipe caótica, sem organização, onde tentávamos resolver individualmente o jogo, nos lançando ao ataque como um alcoólatra lança-se a uma garrafa.

Nossa interpretação errada do jogo fez com que não compreendêssemos que avançar do jeito que fizemos era agir exatamente como o adversário queria e prepara-se para tal. Não tivemos organização, pois avançamos sem definir uma estratégia de defesa: quem poderia ir, quem não iria de jeito algum, enfim, foi terrível ver tanto esforço completamente sem sentido e direção. Nosso adversário nos dominou completamente.

A classificação está muito difícil e ficou ainda mais porque nós estamos a tornando impossível. Ontem jogamos com garra e cuidado contra o Mônaco, que disputa a liderança. Hoje nos atiramos insensatamente na direção do abismo contra o então lanterna do campeonato. Não temos união, nosso time parece um bando, não há organização, não há critério... Somos um barco a deriva em um mar bravio. Temos tido boas atuações individuais, mas o grupo não funciona como um organismo. Organicamente estamos tendo uma falência absoluta de nossos órgãos vitais.

O Bazar voltou a demonstrar que a melhora não significava retomada, mas uma resistência apenas. Perdemos, resistimos, perdemos. Só falta nos entregarmos. E este é o final previsível desta novela, uma vez que os resultados vão minando os nervos, e, acima de tudo, técnica são nervos! Estamos em um ponto quase sem volta. Daqui, para as fraturas, divisões, discussões, é um passo fácil.

O fundo do poço não é o pior no processo, ao contrário do que se poderia supor. O fundo do poço é um lugar onde, após todo o processo de queda, há uma estabilidade plena. O pior é quando nos damos conta que ainda temos muito a cair, antes de chegar o fundo do poço. Quando estamos no fundo do poço, significa que o processo de queda está suspenso, e que dali em diante a roda gira, e há uma mudança e retomada (não resistência) em busca de objetivos. Espero apenas que ainda haja tempo.

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