BM 1X0 IPANEMA - 31/AGOSTO 2013

ALGUNS RAIOS DE SOL EM MEIO A TEMPESTADE

31 de agosto de 2013 - Porto Alegre, RS.

por Jorge Coelho

Finalmente, em uma partida cujo adversário valorizou cada minuto sua derrota, o Bazar se reencontrou com a vitória, e dada as circunstancias, que vitória! Não pelo placar, nem pelo maior domínio do adversário, mas por tudo que esse jogo representou nesta bela tarde de sábado – último dia do mês do cachorro louco – antes da partida e, assim eu espero, que continue representando após a mesma.  

Em primeiro lugar uma critica construtiva para alguns aspectos que nos levaram para o lugar nenhum onde nos encontramos neste momento: comprometimento. O Bazar SEMPRE obteve resultados relevantes no sentido competitivo e principalmente como grupo, partindo deste princípio. E o significado desta palavra, de certa forma, traz em seu bojo alguns porquês de nossa longevidade como time, como grupo e como amigos.

Mesmo em nossas maiores crises o comprometimento de uma espinha dorsal manteve firme uma estrutura muitas vezes abalada por fases e situações críticas em todos esses anos. Não é possível, tratando-se de um grupo de pessoas, que possamos pôr nossos interesses pessoais acima do coletivo, pelo simples fato de rompimento com um mínimo de estrutura e consequente perda de função. Quando um técnico vai para o jogo, ele imagina um time que entra em campo e as peças com quem conta fora das quatro linhas. Em outras palavras, HÁ UMA IDEIA DE GRUPO QUE PREVALECE SOBRE OS INTERESSES INDIVIDUAIS, pois há limitações da própria atividade em si, apenas onze entram em campo, mas são ilimitadas as possibilidades de composição do time no decorrer do jogo.

Não é admissível que, tendo se comprometido a ir a campo, seja em cima da hora, seja na véspera do jogo, um jogador simplesmente não apareça. Ou vá sem comunicar aos colegas que não poderia entrar por motivo de contusão, pois certamente se contava com ele dentro de campo. Ou se comprometa a levar alguém e na ausência deste não comunique que irá sozinho. Não vou citar nomes, o que me interessa é o foco: e o foco tem que ser o time do Bazar. Se não puder jogar o campeonato e quiser fazê-lo em conjunto com outro campeonato, coloque sua ideia e esteja pronto para permanecer ou não ser aceito, mas avise!

Essas situações minam o grupo, porque mexem com a hierarquia, desmoralizam os amigos, colegas; e desmontam uma programação feita previamente. Parece ser pouco o que eu digo, mas uma atenta observação de como pequenas atitudes desmontam um grupo pode ser feita no nosso primeiro semestre. Alguém que não leva um calção de cor diferente ou esquece o uniforme; outro que esquece de confirmar presença e aparece na hora (ou não); há outros que se atrasam e não avisam que vão se atrasar; alguns que seguem no grupo, mas sentem-se discriminados e deixam de ir; e aí passa-se a contar com quem não vai mais ou no desespero começa a surgir qualquer um, afinal, o compromisso existe, há uma partida no final de semana...

Essas reflexões são apenas para que possamos manter o curso, estabelecendo prioridades e assim se segue adiante. O Bon Jovi definiu muito bem o que é comprometimento sem citar essa palavra, quando antes do campo mencionou o esforço absurdo que o Diego faz para estar presente nos jogos, considerando sua atual situação profissional. E aconteceu como eu disse: não vamos pensar no resultado agora, vamos dar o melhor que temos que o resto é consequência. Pois é, né?

O time entrou em campo contra o Ipanema visivelmente pressionado pelo fato de estarmos inicialmente sem banco, pois o Buda e o Ronaldo chegaram durante o 1º tempo, e nossa primeira vitória foi a sugestão do Bon Jovi: mantermos o 4-5-1 que é nosso esquema padrão. Importante termos identidade, nosso meio de campo – que estava quase completo no jogo – já joga assim faz muito tempo, era o mais lógico e mostrou ser o mais acertado.

Começamos com Zamorano em mais uma atuação muito segura, com duas belas defesas e varias saídas de gol precisas; Cacá que foi bem, apesar de não ser lateral mais se esforçou muito, Chico muito seguro como a tempos eu não via, orientando o Cacá e dividindo todas; Coelho muito contente com minha atuação e Pequeno bem, mas prejudicado sensivelmente porque me ajudava a segurar os avanços do atacante número onze deles que era muito veloz e muito pouco acionado pelo meio de campo, que inexplicavelmente jogava mais pelo lado direito, onde obviamente não tinha muito o apoio do lateral; Morin incansável, com um toque simples e objetivo, muito bem; Douglas também muito boa atuação, embora esteja prendendo muito a bola; Bonds boa atuação, mas abaixo do potencial, parecia um pouco cansado; Fett uma grata surpresa – para mim, ausente na maioria dos jogos do primeiro semestre. Forte na marcação, habilidoso e veloz, muito objetivo no ataque, correu praticamente o campo todo – acho que ele e o Morin bateram recorde de kms em campo. Um gol decisivo e muita aplicação; Gugu de boa partida, toca com inteligência e se posiciona bem em campo e Bon Jovi, sozinho na maior parte do tempo, é imprescindível para o time: joga com muita inteligência, e quase sempre decisivo: o gol saiu após duas conclusões suas, em meio a uma zaga que não dava espaço. Entraram Ronaldo que foi bem, embora esteja completamente sem ritmo e confiança e Buda, jogador muito útil, pois se coloca sempre como opção para um contra ataque, apenas precisa tocar mais a bola em algumas ocasiões onde tenta definição sozinho e acaba por precipitar: boa partida.

No primeiro tempo contivemos o ímpeto do Ipanema, que teve duas chances claras de gol neste período, mas manteve o controle do jogo na maior parte do tempo. No 2º tempo nosso time sofreu uma forte pressão inicial, quando o Zamorano teve que fazer algumas intervenções importantes, mas na medida do possível e com a entrada do Buda, começamos a criar perigo, e em um lançamento – se não me engano do Morin – na área, após dois fortes arremates do Bon Jovi, a bola sobrou pro Fett que definiu o jogo. O Ipanema ainda pressionou muito, mas não o suficiente para buscar o placar. 

Foi uma grande vitória, porque o time estava todo desarrumado, com alguns veteranos – seja na idade ou no físico – mas se superou e conseguiu se livrar da maldição que já nos assolava, eu acho, que por mais de dez jogos – depois peço pro Felipe confirmar os números do jejum. Uma vitória na raça, sem dúvida. E como valeu!

Não conseguimos nada ainda, mas viramos a roda. Se vamos, daqui em diante, voltarmos a competir e jogar como nos bons tempos só o tempo vai dizer, mas o importante é que agora depende de nós, mais do que nunca. O Bazar, as vezes, dá a impressão mesmo de ser eterno, tipo Fênix que se refaz nas próprias cinzas.Era isso.