BM FC 3x3 BOTAFOGO - 05/MAIO 2012

EMPATE AMARGO

por Jorge Luiz Coelho (em 05 de maio de 2012)

Enfrentamos a equipe do Botafogo, vice-líder de seu grupo, de excelente campanha, sendo que nossa equipe veio com status de lideres de nosso grupo: previsão de jogo difícil e duro, já que embora virtualmente classificados, a briga pela liderança que teoricamente garante um adversário mais fácil ou de pior campanha na próxima fase pode ser determinante para a estratégia de quem quer ganhar o título.

Para minha surpresa – em todos os jogos eu nem sequer fardei – nosso goleiro Ariel avisou em cima da hora que não poderia estar presente e entramos comigo de goleiro. Preocupava-me a ausência do Douglas, que dá coesão no meio de campo e o estado ruim físico do Bonds por conta de sua ultima e séria contusão. Saímos jogando com o Felipe no time, e havia tempo que nós dois não jogávamos no mesmo time em campeonato, o que não deixou de ser inusitado.

Jogamos com a zaga formada pelo Alberto e o Ronaldo, e um meio de campo com Wilson, Bonds – que não devia ter entrado, podendo ter agravado seu quadro – Morin, Felipe e Palermo vindo de trás, com o Bon Jovi na frente. A primeira virtude que vi no adversário foi um lateral direito muito veloz, um atacante muito rápido e inteligente, e um jogador diferenciado no meio de campo. Eles pressionavam, mas nosso esquema estava muito bem feito com excelente atuação naquele momento do Ronaldo e do Alberto. Nosso time quando tocava e valorizava a bola praticamente dominava as ações, embora não fossemos agudos em nossas chances.

A impressão que eu tive era de que jogávamos no erro deles, e trabalhávamos bem a bola. As vezes cometíamos algum erro na marcação e quando o Botafogo virava o jogo mais rapidamente levava maior perigo. Mas nossos ataques eram constantes e não precipitados. Foi uma boa atuação no primeiro tempo, onde, só para se ter uma ideia, não tive que fazer nenhuma defesa, pois nossa zaga não deixava os atacantes deles penetrarem a partir de nossa intermediária. Eles forçavam de um lado para o outro e nada.

Com a saída do Bonds, na parte final do primeiro tempo eu achei que quem deveria ir para a cabeça de área era o Alberto, mantendo a zaga com o Ronaldo soberano, na parceira com o Roger. E foi a partir da saída do Bonds que eles conseguiram levar algum perigo em um cruzamento que consegui desviar do atacante deles que entrava sozinho pela direita. Fizemos um gol bonito com chute do Felipe, e criamos outras boas jogadas de ataque. Acho que merecemos a vitória nesta etapa, pois além de um futebol compacto, fomos mais objetivos que o adversário.

Logo no inicio do segundo tempo ficou claro para mim que eles iriam nos incomodar mais. O Botafogo passou a lançar a bola de qualquer maneira para nossa área, tentando mudar a forma de atacar e seu atacante pela esquerda começou a levar maior perigo em jogadas de velocidade. Foram muitos os cruzamentos e na primeira parte dessa etapa nosso time mais defendeu do que atacou. Mas logo equilibramos e conseguimos nosso segundo gol através do Bernard, o que destabilizou o adversário, que teve logo depois um jogador expulso. Tivemos duas chances claras com o Wilson, e neste momento o Bazar sofreu um apagão.

Não conseguíamos segurar a bola e eles se lançaram ao ataque de qualquer maneira chutando de qualquer lugar, de uma forma afobada, mas constante. Em alguns minutos cedemos não só a vitória como passamos a ser derrotados em uma sequência de lances que me deixaram muito chateado neste final de semana. No primeiro gol deles a bola passou por todo mundo até encontrar o atacante deles sozinho (parecia impedido) que só teve o trabalho de escolher o canto e diminuir, 1 a 2.

Logo depois em um cruzamento da esquerda o atacante desviou para o gol quase dentro da pequena área e eu consegui desviar para escanteio. Acho que na sequência, neste ou em outro escanteio do mesmo lado, a bola foi no meu segundo pau, o jogador deles desviou para o gol, o Roger cabeceou tentando salvar quase na linha, a bola bateu no travessão e voltou para o atacante apenas empurrar para o gol, 2 a 2. Não muito depois de perdermos um bom ataque, no contra ataque deles pela esquerda, o atacante cortou o Alberto para direita e bateu com pouca força, mas muito bem colocado o chute, que tocou na ponta de minha trave direita e morreu dentro da goleira: um resultado improvável: 2 a 3.

Estranho é saber que tudo isso aconteceu em menos de dez minutos, no finalzinho do jogo; pois para mim parecia um pesadelo, uma virada incompreensível, pois até o final do jogo eles praticamente não haviam conseguido chutar na minha goleira, e agora estávamos perdendo não somente a invencibilidade como provavelmente a liderança do grupo. E no terreno das improbabilidades, não é que ainda conseguimos fazer um gol, no meu ver legítimo, pois o goleiro tocou a bola no próprio joelho e o Bernard apenas tocou para empatar o jogo e diminuir a sensação de inferno em que eu particularmente me sentia envolvido, 3 a 3.

Após o jogo, com a cabeça fria, fiquei rememorando os gols e acho que o Jorge de alguns anos atrás teria saído e tentado (não sei se conseguiria) socar a bola no escanteio que originou o gol de empate, assim como talvez o então mais jovem Coelho saltasse no terceiro gol deles e espalmasse a bola para escanteio com as pontas dos dedos, embora algo me intua que não havia muito que fazer naquele chute enganosamente fraco e incrivelmente colocado.

Jordani: alguma dificuldade com a velocidade de um atacante que corria pela direita, no geral não foi mal; Ronaldo: não deveria ter deixado a zaga onde estava soberano, Alberto: foi muito bem até a metade do 2º tempo, quando ficou sozinho em alguns ataques do Botafogo; Pequeno: uma partida muito boa, embora tenha deixado algum espaço por onde sofremos o terceiro gol; Wilson: poderia ter decidido o jogo por duas vezes, no geral muita luta; Morin: sentiu a falta do jogo mais cadenciado que caracteriza nosso time, tentou tocar mais no blackout não teve companhia; Bonds: não deveria ter entrado, embora enquanto esteve em campo colaborou com o time, ele, Morin e Douglas são jogadores muito táticos; Felipe: enquanto teve pernas a lucidez de sempre, fez um bonito gol; Palermo: muita luta, uma ajuda constante na marcação da saída de bola deles, mas não esteve muito inspirado; Bon Jovi: não atravessa boa fase, mas sua participação nos três gols demonstra sua importância para o time. Entraram: Roger que lutou muito, com regularidade; Lourenço: muita luta e também sofreu para acompanhar o ritmo do adversário no final do jogo; Fernando: jogou pouco tempo, sentiu o ritmo forte do final do jogo; Bernard: tímido em alguns momentos, mas muito oportunismo nos dois gols, participação positiva.  

Eu ouvi muita gente dizendo que o Botafogo era um time fraco, após o empate. Sinceramente, acho que esse time vai incomodar muito na luta pelo titulo. Quando eu analiso o que foi o jogo, concluo que tivemos o predomínio da posse de bola, mas diante de um adversário incansável, que não desistiu nunca e que mostrou alguns jogadores com bom potencial técnico. Penso também que, embora o desejável fosse a vitoria – daí o porquê do empate ter tido um gosto amargo já que vencíamos a partida por dois gols com um jogador a mais ate os últimos dez minutos – o empate como resultado no campeonato não foi ruim, mesmo que tenhamos perdido a liderança – não sei se o All Blacks venceu. Diante de nossos desfalques – o Douglas fez muita falta, assim como o Bonds – e do que ocorreu no final do jogo, o empate acabou por nos manter próximos para brigarmos pelo primeiro lugar, na pior das hipóteses. Era isso.